O Dia das Mães costuma ser celebrado com homenagens e presentes. Mas por trás das flores, há histórias que seguem invisíveis — como as das mães solo e das mães atípicas. Mulheres que enfrentam diariamente o desafio de cuidar, quase sempre sem apoio e sem descanso.
Mães solo e o abandono paterno
O Brasil tem cerca de 11,6 milhões de mães solo, segundo o IBGE. Isso representa quase 15% dos lares brasileiros. Em muitos desses casos, os pais estão ausentes não apenas fisicamente, mas emocionalmente e financeiramente também.
Só em 2023, mais de 172 mil crianças foram registradas sem o nome do pai na certidão de nascimento. Essa ausência deixa marcas profundas: sobrecarga financeira, solidão, insegurança emocional e negligência social.
Mães atípicas: entre diagnósticos e solidão
Para mães que cuidam de filhos com deficiência ou com necessidades específicas, o peso é ainda maior. Estudos apontam que 86% dos cuidadores de crianças com autismo são as próprias mães. E, em mais de 80% dos casos, essas mulheres exercem a maternidade atípica sem a presença ativa dos pais.
Além do cuidado, essas mães também são responsáveis por levar os filhos às terapias, articular a comunicação com a escola, administrar crises, aplicar estratégias em casa e manter a rotina familiar funcionando. Tudo isso sem pausa.
Saúde mental e esgotamento
Uma pesquisa nacional revelou que 9 em cada 10 mães brasileiras sofrem de burnout parental. As mães atípicas estão entre as mais afetadas, vivendo níveis altíssimos de estresse, ansiedade, insônia e esgotamento físico e emocional.
O excesso de tarefas, a falta de tempo para si mesmas e a ausência de uma rede de apoio contribuem diretamente para esse quadro de adoecimento silencioso.
A ausência de políticas públicas eficazes
Apesar dos números alarmantes, pouco tem sido feito em termos de políticas públicas. Faltam atendimentos psicológicos gratuitos, programas de incentivo à paternidade ativa, acesso a terapias e a uma educação realmente inclusiva.
As mães continuam fazendo tudo. Porque precisam. Porque não têm escolha.
Neste Dia das Mães, um convite à reflexão
Mais do que flores e homenagens, essas mães precisam de suporte real. Precisam ser vistas, ouvidas e acolhidas com políticas eficazes e ações concretas.
Cuidar de quem cuida deve ser uma prioridade de toda sociedade.
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Fontes consultadas:
• IBGE
• Terra
• Conjur
• Folha Vitória
• Somos Mães
• Revista Veja
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